Ishiba distribuiu vales-presente de ¥100 mil a parlamentares, diz NHK
Entrega de vales a deputados gera críticas e pressão política
O gabinete do primeiro-ministro, Shigeru Ishiba, confirmou nesta quarta-feira, dia 12, que sua equipe entregou vales-presente no valor de ¥100 mil (cerca de R$ 3,3 mil) a 15 deputados de primeiro mandato do Partido Liberal Democrata (PLD) antes de um jantar oficial, realizado no dia 3 de fevereiro.
A revelação causou forte repercussão política. Segundo fontes do governo, todos os parlamentares devolveram os vales. Ainda assim, a oposição promete pressionar o governo, enquanto até mesmo membros do PLD consideram que o episódio aconteceu em um “momento inoportuno”.
Explicação do governo
O caso veio à tona após reportagem da NHK. Um assessor do governo justificou que os vales foram pagos com recursos pessoais de Ishiba e que não houve ilegalidade.
“O primeiro-ministro usou seu próprio dinheiro e não houve qualquer irregularidade. A intenção era apenas auxiliar os deputados na compra de trajes formais”, afirmou uma fonte oficial. Apesar disso, a revelação gerou fortes reações dentro e fora do governo.
Reação dos parlamentares
Um dos deputados que recebeu o vale afirmou que devolveu a quantia sem sequer abrir o envelope.
“Recebemos um envelope na sede do Parlamento, mas ouvimos que continha ¥100 mil em vales-presente e decidimos devolver sem abrir”, disse um assessor parlamentar.
Outro congressista declarou que, apesar de o presente ter sido tratado como uma lembrança, o valor era elevado demais, e por isso resolveu recusar.
Críticas dentro do próprio PLD
A situação gerou desconforto dentro do Partido Liberal Democrata, que já enfrenta debates sobre doações empresariais e financiamento político.
Um líder do PLD admitiu que o momento foi inoportuno.
“Não há ilegalidade, mas o momento é ruim. O PLD já enfrenta discussões sobre doações e agora teremos que monitorar a reação da oposição” — afirmou um dirigente partidário.
Oposição pressiona por investigações
O caso gerou forte indignação na oposição, que promete levar o assunto ao Parlamento.
Partido Democrático Constitucional (PDCJ)
O líder da sigla, Yukio Noda, classificou o episódio como inaceitável.
“Estamos discutindo a reforma política, e o primeiro-ministro comete um erro tão ingênuo? Isso é inacreditável. Vamos questioná-lo no Parlamento” — declarou Noda.
Partido da Inovação (Nippon Ishin no Kai)
O secretário-geral do partido, Takashi Iwaya, criticou duramente Ishiba no X (antigo Twitter).
“Se for verdade que Ishiba distribuiu vales-presente, isso mostra que o PLD não aprendeu nada com os escândalos anteriores. Ele foi escolhido como um líder de renovação, mas a velha política continua” — postou Iwaya.
Partido Comunista Japonês (PCJ)
O secretário-geral do PCJ, Akira Koike, foi além e questionou a capacidade de Ishiba de seguir no cargo.
“Se isso for verdade, é um caso gravíssimo que coloca em dúvida sua aptidão para o cargo de primeiro-ministro” — afirmou Koike.
Reiwa Shinsengumi
O líder do partido, Taro Yamamoto, ironizou a situação e pediu que o governo ajudasse a população.
“Se há dinheiro para distribuir vales-presente aos deputados, por que não dar ¥100 mil para cada cidadão que sofre com a alta dos preços?” — disse Yamamoto.
Crise política em ascensão
A polêmica surge em um momento delicado para o governo Ishiba. O primeiro-ministro assumiu recentemente com a promessa de restaurar a credibilidade do PLD, abalada por escândalos de financiamento irregular.
Agora, o episódio dos vales-presente pode comprometer sua imagem e até afetar a aprovação do orçamento para o próximo ano fiscal, previsto para ser votado nas próximas semanas. A oposição já articula estratégias para pressionar o governo e exigir mais transparência sobre o caso.