Grande Sismo de Tohoku completa 14 anos
Cerimônia ocorre em meio a desafios atuais, como incêndios e deslocamentos forçados
O Japão prestou homenagens nesta terça-feira, dia 11, às vítimas do terremoto e tsunami de 2011, que devastaram a região nordeste do país e provocaram a crise nuclear de Fukushima. Em um momento de reflexão e memória, cerimônias ocorreram em diversas localidades, incluindo um evento oficial na província de Fukushima, onde o primeiro-ministro Shigeru Ishiba reiterou o compromisso do governo em fortalecer a prevenção e resposta a desastres.
A data foi marcada por desafios adicionais para os moradores da cidade de Ofunato, em Iwate, uma das mais afetadas em 2011, que recentemente precisaram evacuar devido a um incêndio florestal de grandes proporções. O fogo, que começou no final de fevereiro, foi controlado e todas as ordens de evacuação foram suspensas na segunda-feira, dia 10.
Às 14h46, horário em que o terremoto de magnitude 9,0 atingiu a costa do Pacífico, pessoas em todo o país fizeram um minuto de silêncio em homenagem às vítimas. O desastre deixou mais de 22 mil mortos e desaparecidos, além de forçar a evacuação de milhares de pessoas devido à crise nuclear na usina de Fukushima Daiichi.
Durante a cerimônia em Fukushima, o primeiro-ministro Shigeru Ishiba reforçou o compromisso do governo em tornar o Japão uma referência em prevenção de desastres.
“Vamos usar as lições aprendidas para aprimorar nossas estratégias de resposta e reforçar a segurança da população”, declarou.
No complexo nuclear de Fukushima Daiichi, o presidente da operadora TEPCO, Tomoaki Kobayakawa, discursou para cerca de 220 funcionários, relembrando as consequências do desastre e destacando a responsabilidade da empresa para com a região.
“Nossa missão é aprender com os erros do passado e cumprir nosso compromisso com Fukushima”, afirmou.
Moradores das províncias mais afetadas, Iwate, Miyagi e Fukushima, participaram das cerimônias desde as primeiras horas do dia. Em Minamisanriku, Miyagi, onde 43 pessoas morreram no prédio da defesa civil, o funcionário da prefeitura Masayuki Nitanai, de 59 anos, enfatizou a importância de manter viva a conscientização sobre desastres.
“Sinto que a memória do desastre está se perdendo. Precisamos continuar transmitindo a importância da prevenção para proteger nossa cidade”, disse.
Em Iwaki, Fukushima, Reiko Endo, 59, recordou a amiga que perdeu no tsunami ao observar as águas do oceano.
“Depois de 14 anos, consigo olhar para o mar com mais tranquilidade. Neste dia, reflito sobre aqueles que se foram e sou grata pela minha vida”, afirmou.
Já em Rikuzentakata, Iwate, onde a icônica “árvore milagrosa”, única sobrevivente do tsunami, ainda se mantém de pé, o estudante universitário Kazutomo Tamashiro, 19, prestou homenagem. Natural de Kumamoto, região atingida por um forte terremoto em 2016, ele destacou a importância de aprender com os desastres e buscar formas de ajudar na recuperação das comunidades afetadas.
Embora os esforços de reconstrução tenham avançado, cerca de 28 mil pessoas ainda permanecem deslocadas, segundo a Agência de Reconstrução do Japão. Além disso, sete municípios de Fukushima continuam com áreas interditadas devido à radiação.
Em Okuma, Fukushima, onde está localizada a usina nuclear, um memorial com os nomes de 44 moradores que faleceram durante a evacuação foi inaugurado no mês passado. O chefe comunitário Mitsuyoshi Yamaguchi, 80, responsável pelo projeto, plantou cerejeiras no local.
“Eles não podem ser enterrados em suas cidades natais, então ao menos seus nomes permanecerão aqui”, disse emocionado.
Desafios e lições aprendidas
Enquanto a limpeza da usina nuclear continua, cresce a preocupação com a liberação de água tratada radioativa no oceano, um processo que deve durar décadas. A crise de Fukushima é considerada o pior desastre nuclear desde Chernobyl, em 1986.
Uma pesquisa da Kyodo News apontou que 72 dos 116 municípios situados a até 30 km de usinas nucleares no Japão acreditam que seus planos de evacuação precisam ser revisados. Além disso, 28 cidades não haviam considerado em seus planos a possibilidade de rotas de fuga serem bloqueadas por danos estruturais.
Com os desafios que ainda persistem, as homenagens deste ano reforçam a necessidade de manter viva a memória do desastre e garantir que futuras gerações estejam preparadas para lidar com catástrofes naturais.