Assédio sexual em entrevistas de emprego ainda afeta estudantes no Japão
Um terço dos estudantes relata ter sido assediado durante recrutamento, revelando falhas nas medidas de proteção
Apesar dos esforços para combater o assédio sexual no ambiente corporativo, estudantes universitários no Japão – especialmente mulheres – continuam sendo vítimas durante entrevistas de emprego e estágios. A Japan Harassment Association alerta que as denúncias continuam chegando, demonstrando que as medidas adotadas por muitas empresas ainda são insuficientes.
Segundo uma pesquisa de 2024 do Ministério da Saúde, Trabalho e Bem-Estar, 1 em cada 3 estudantes que passaram por entrevistas ou estágios sofreram algum tipo de assédio sexual. O problema se agrava pela desigualdade de poder entre recrutadores e candidatos, que se encontram em uma posição vulnerável.
Diante desse cenário, o governo pretende apresentar um projeto de lei para obrigar empresas a adotarem medidas mais rígidas contra o assédio e estabelecer canais seguros para que as vítimas possam denunciar os casos.
O aumento da competitividade no mercado de trabalho japonês fez crescer o número de encontros entre candidatos e funcionários das empresas, muitas vezes sem supervisão. Isso abriu brechas para situações de assédio, como já ocorrido em 2019, quando vários casos vieram à tona, forçando empresas a proibir reuniões noturnas e o compartilhamento de contatos pessoais.
Ainda assim, os problemas persistem. Em janeiro deste ano, um funcionário da NEC Corp. foi preso sob suspeita de estupro de uma estudante universitária e acabou demitido. Apesar de não ter sido processado, o caso levou a empresa a implementar novas regras, como a exigência de que reuniões entre recrutadores e estudantes sejam registradas e monitoradas.
Diante do problema, algumas universidades já adotaram diretrizes preventivas. A Rikkyo University alerta seus alunos sobre situações de risco, enquanto a Takushoku University recomenda que reuniões com ex-alunos recrutadores sejam feitas apenas em locais oficiais, como escritórios da empresa ou dentro do campus.
Kaname Murasaki, chefe da Japan Harassment Association, aconselha os estudantes a não responder imediatamente a convites ou perguntas suspeitas e alerta empresas para que não prejudiquem candidatos que denunciem assédio.