Brasileiro é preso por recrutar menor para clube noturno em Tóquio
Caso ocorreu em Kabukicho, local bem conhecido por ser o distrito da luz vermelha. (Foto: Pexels)
Um brasileiro foi preso acusado de recrutar uma adolescente de 16 anos para trabalhar ilegalmente em um cabaré no bairro de Kabukicho, em Tóquio. As autoridades investigam se há outras vítimas envolvidas.
A Polícia Metropolitana prendeu um suspeito de atuar como agente de recrutamento para estabelecimentos de entretenimento adulto, sob a acusação de envolver uma menor de idade em atividades ilegais.
Segundo a polícia, ele teria abordado uma jovem de 16 anos em Kabukicho, um dos principais distritos de vida noturna de Tóquio, e a apresentado a “mama-san”, a principal funcionária de um clube de cabaré. A adolescente teria sido levada para trabalhar como captadora de clientes durante a madrugada, algo ilegal para menores de idade no Japão.
As investigações apontam que o estrangeiro atuava como “olheiro” em To-Yoko, uma área de Kabukicho conhecida como ponto de encontro de jovens em situação de vulnerabilidade. Ele teria abordado a adolescente dizendo que conhecia “um bom lugar para trabalhar”.
Embora o suspeito negue as acusações ao dizer que a garota falou que tinha 18 anos, a “mama-san” afirmou à polícia que “recebeu outras jovens indicadas por ele”, levantando a possibilidade de mais vítimas envolvidas.
O jornalista CE Rodrigues, da Rádio Mirai, analisou a notícia que saiu na NTV News e criticou a forma como o caso está sendo tratado pela polícia japonesa. Em um comentário feito sobre a prisão do brasileiro, ele questionou por que apenas o brasileiro está sendo responsabilizado, enquanto a funcionária do clube que prestou depoimento, que admitiu ter recebido outras jovens indicadas por ele, não foi detida ou investigada na mesma medida:
“Se a ‘mama-san’ disse que o brasileiro havia recrutado mais garotas jovens e ela afirma em depoimento ter conhecimento disso, ao falar que recebeu outras jovens indicadas por ele, por que somente o brasileiro será investigado? E a ‘mama-san’ não vai ser? E a galerinha de cima, os dirigentes? Também vão ficar por isso mesmo? Eu não quero ser o dono da verdade, mas há claramente uma visível e gigantesca parcialidade nessa conduta da Polícia Metropolitana, aliás como em toda situação de crime envolvendo estrangeiro no Japão. Em nenhum momento eu li na notícia em japonês que a ‘mama-san’ será enquadrada como testemunha ou conivente. Por que? Porque ela é japonesa e o preso é estrangeiro? Quer dizer que qualquer japonês que cometa um crime com um estrangeiro e a polícia os detém, só o estrangeiro levará a punição maior porque ele não é japonês? Não está certo isso! Não estou defendendo o brasileiro. Se comprovado, que seja punido, embora ele diga que a pessoa disse que tinha 18 anos o que presume que foi enganado. Mas agora, não deve ser somente ele o único culpado da história. Ele foi uma presa do vespeiro e acho incrível como a polícia e a justiça japonesa não fazem questão alguma de mexer lá, onde está o verdadeiro problema.”, escreveu Rodrigues.
Ele também destacou realidades sombrias da sociedade nipônica: “Vale ressaltar que muitos estrangeiros são enganados também por essas supostas “adultas” com fachadas de jovem. Você vai num clube, por exemplo, vê uma mulher atraente, aparência bem jovem e você tenta puxar assunto com ela, dizendo que tem por volta de 20, 21 anos e na hora quando ela lhe dá uma certa “liberdade”, aí vem um cúmplice dizendo que viu você cometendo um crime e que se não pagar uma quantia X para comprar o silêncio ele vai entregá-lo as autoridades.”
O jornalista também reforçou que tanto a polícia quanto a justiça japonesa, age de maneira extremamente cega:
“Nem a polícia e nem a justiça querem saber se você não sabia, se foi enganado ou se armaram pra você! A única coisa que eles querem saber é se ocorreu tal ato ou não e se tiver ocorrido, independente de qualquer circunstância, eles lhe consideram culpado e lhe punirão com o alto rigor da lei. Por isso é muito importante que se tome cuidado com quem você anda ou tem intimidade, porque por essa fachada de meiguice e fofura que elas demonstram, tem uma cara de cilada da mais demoníaca o possível. Portanto evitem o máximo e se você ver uma japonesa tentando dar em cima de você do nada, desconfie e não dê liberdade! Fique esperto e fique seguro!”
A Polícia Metropolitana segue investigando para determinar se há outras vítimas e se o brasileiro fazia parte de uma rede maior de recrutamento.